sábado, 8 de agosto de 2015

* Qual seu estilo de viagem ?

         Em suas viagens de pequenas, médias ou longas distâncias, viajar sozinho ou em grupo, qual o seu estilo, qual o seu comportamento? O que você espera alcançar?

          Particularmente eu gosto muito de uma viagem solo com minha companheira, nos divertimos muito mesmo sem a utilização de um comunicador, algumas vezes engolimos uns mosquitos durante o percurso, mas tudo bem, faz parte da aventura,

          Quando saímos não nos preocupamos com horários, onde almoçar, onde lanchar, se vai chover ou fazer frio, se é dia ou se é noite, enfim, apenas miramos nossa moto para o destino definido e vemos no que vai dar, lógico que fazemos uma programação.

          Viajar em grupo eu gosto, gosto até demais, tanto que acabo deixando de curtir a minha viagem para poder dar atenção e proteção ao grupo, muitas vezes chego a ser chato para poder cumprir um cronograma, se ando à frente fico sempre de olho no retrovisor, deixando de curtir a paisagem e se vou de ferrolho o cuidado com os amigos é maior. 

          Algo que aprendi numa determinada viagem, é de não fazer da viagem longa um campo de experiência para conhecer o grupo, por mais que a pessoa seja seu brother, parceiro nos bate-voltas de curta distância, uma pessoa que você estima muito, para realizar uma viagem longa você deve saber qual é o comportamento dela em viagens longas. Levei pouco mais de um ano para desenvolver um projeto de 10.000 km, pesquisando cidades, hotéis, postos de gasolina, pontos turísticos, porem deixei de lado o principal, deveria ter realizado viagens curtas para conferir o comportamento de cada componente do grupo, para só depois sair em definitivo, ensaiamos algumas vezes mas não aconteceu. 

          Muitas vezes eu leio em redes sociais pessoas propagando viagens e buscando parceiros, isso pode até dar certo, mas vai depender mais de você do que dos outros, você terá que se doar para a viagem e engolir manias e costumes.

          Com relação a hospedagem aprendi algumas lições, numa viagem de 2013, num trecho de Santiago-CHI até Antofagasta-CHI, passei por uma situação que poderia ter sido evitada. A ideia era hospedar em Copiapó-CHI, uma cidade com dezenas de hotéis mas.... eu não havia realizado reserva e todos estavam lotados, acabei avançando um pouco mais na viagem e fui me hospedar em Chanarral-CHI. Numa outra viagem em 2014, no trecho entre Salta-ARG e San Pedro de Atacama-CHI, corri o risco de perder a reserva paga e comprometer as reservas realizadas dos próximos dois dias, por motivo de excesso de paradas para fotografias, ainda tínhamos que passar pela aduana em Paso de Jama-ARG - devido o horário, o policial argentino ficou preocupado em nos liberar para seguir viagem.

          No caso da viagem de 2013, a lição aprendida serviu para mudar o meu estilo de viagem, meus amigos passavam orientações via rede social sobre hotéis, lugares a visitar, o que comer, enfim, após Chanarral tive uma mudança de comportamento considerável. Depois de não conseguir hospedagem em Copiapo, peguei a moto sentido Antofagasta, detalhe, eram mais de 600 km de distância, a noite caindo e esse trecho é 80% dentro do deserto do Atacama. Os primeiros 100 km foram perfeitos, mas dai parei numa obra que havia na rota e permaneci ali por quase 30 minutos. Havia um onibus parado, o motorista disse que eu estaria fazendo uma loucura andar no Atacama de noite, pois todos os caminhoneiros param e se me acontecesse algo eu estaria em má situação, sugeriu que eu parasse na próxima cidade, que seria Chanarral. Ainda assim estava decidido a continuar a viagem até Antofagasta, foi ai que desceu um passageiro do ônibus me assustando em relação ao frio que fazia durante a noite no deserto, ele implorou que eu ficasse em Chanarral.


          A pista foi liberada e então começamos a andar num desvio de rípio, perdi muito tempo e então resolvi aceitar a sugestão, parei na cidade, entrei no primeiro hotel e não havia vaga, no segundo também não, já estava decidido a seguir a viagem quando num sinaleiro alguém começou a acenar para mim, era o passageiro do ônibus, no espaço de tempo em que parei para olhar os dois primeiros hotéis, o ônibus chegou até a rodoviária. Ele me perguntou se havia conseguido uma hospedagem, eu disse que não, ele então me mostrou um hotel dizendo que lá eu conseguiria e me acompanhou andando pela calçada, chegando la pediu para que eu verificasse na portaria enquanto ele ficaria cuidando de minha moto.





          Bom, havia apenas um quarto mas Dona Carmen, uma chilena fantástica, pediu para que eu olhasse quarto antes. Fui até lá, era um quarto simples no fundo do hotel e eu aceitei, disse a ela que ia lá me despedir do senhor que havia me indicado, mas ele não estava mais junto da moto, senti muito por isso, afinal, tenho fé que foi Deus que colocou aqueles dois anjos em minha vida, o quarto em questão era de dona Carmen, descobri no dia seguinte, ela foi dormir no chão da cozinha e outra coisa que me marcou, é que Chanarral é uma cidade de mineradores, muito pobre, algo semelhante em algumas comunidade do Rio de Janeiro, se tivesse chego com dia claro, dificilmente ficaria ali. A partir desse dia, resolvi que minhas viagens seriam para ouvir as pessoas, conhecer suas histórias, suas dificuldades em relação ao meio em que vivem. Nesse mesmo dia já conheci Xico Tonho, mas isso é uma outra história.








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