Final de 2014, em viagem realizada para Machu Picchu no Peru, como nome de Expedição 5 Fronteiras, em nosso roteiro a Argentina, Chile, Bolivia, Peru e o retorno pelo norte do Brasil, entrando por Assis Brasil no Acre, fomos surpreendidos pelas belezas da Panamericana Sur, uma estrada cheia de belezas tanto na região dos andes como na amazônica. Não chegamos a pegar a variação climática que ocorre nesses belos 694 km, nos Andes, onde a estrada chega a 4,7 mil metros acima do nível do mar e com temperaturas que variam de 20 graus positivos a 20 graus negativos, na selva amazônica, a altitude cai para 300 metros e o calor chega facilmente aos 40 graus.
A Interoceânica Sur foi idealizada em 2001 num acordo firmado entre 12 países da América do Sul, a Iirsa Sul, são 2,6 mil quilômetros ligando a fronteira do Brasil (município Assis Brasil, no Acre) com o Peru (porto de San Juan de Marcona), próximo a Lima, no Pacífico. Antes, para percorrer os 500 quilômetros que separam Cuzco e Puerto Maldonado eram necessários três dias, com a rodovia o tempo de viagem caiu para cerca de 11 horas, sob condições climáticas favoráveis.
Com o inicio da construção foi em 2006, a Iirsa permitiu o reconhecimento do potencial das regiões como Cuyuni e Marcapata e impulsionou o desenvolvimento do turismo sustentável a partir de programas de econegócios, turismo responsável, conservação da biodiversidade e fortalecimento da governança local. Entre os projetos, estava a ativação de acampamentos e rotas de trekking no circuito de Ausangatey e de arte nativa e o desenvolvimento turístico para a consolidação da zona de amortecimento da Reserva Nacional de Tambopata. Para isso, foi criada a Interoceanica Sur – iSur.
A obra foi concluída em 2011 com a inauguração da ponte Presidente Guillermo Billinghurst – Ponte Continental, localizada sobre o rio Madre de Dios, unindo a cidade de Porto Maldonado com a aldeia de El Triunfo, na região de Madre de Dios, no sul do Peru.
Fizemos uma loucura no trajeto Cusco / Assis Brasil, nesse trecho foram 694 km percorridos com algumas emoções, a estimativa dada pelo Google Earth era de 10 horas de viagem, saímos logo cedo de Cusco, por volta de 7:30 h, o dia estava chuvoso, seguimos sentido a Puerto Maldonado, quando estávamos no inicio da subida da Cordilheira tivemos a sensação de que um carro com três homens nos perseguia, deixamos este veiculo nos ultrapassar e andamos um pouco mais lento para ver se o veiculo se afastava.
Um pouco mais adiante a estrada estava bloqueada para reforma, com isso alcançamos o tal veiculo e passamos a frente dos demais que aguardavam na fila - assim que a estrada foi liberada a gente acelerou as motos e pernas para quem te quero. Subimos a Cordilheira até chegar próximo de algumas montanhas que estavam cobertas de neve. O céu estava encoberto por um nevoeiro que impedia a entrada da luz do sol, tornando o dia mais acinzentado.
A descida da Cordilheira é feita de forma muito lenta, por isso previsão do Google numa viagem de 694 km em 10 horas, muitas curvas são realizadas a 30 km/h, chego ao cumulo de dizer que a gente quase enxerga a placa da moto nessas curvas, são caracoles e mais caracoles. Mas o visual compensa.
Quando já estávamos na metade do percurso ultrapassamos um caminhão da Coca-Cola, um pouco depois havia obras na pista e a operária da empresa concessionária da estrada mandou a gente seguir por uma estrada de terra, descemos um bom trecho através de uma estrada próxima do abismo. Estávamos com as motos muito carregadas, então descemos com o máximo de cuidado, deu raiva a hora que dois rapazes passaram numa 125 cc deixando poeira para trás, puderá, o conjunto moto x motociclista x garupa e bagagem estava próximo dos 500 kg.
Bom, foi uma experiência bacana, porém poderia ter sido evitada, afinal o caminhão da Coca-Cola avançou pela estrada principal, lá longe a gente enxergava o caminhão descendo a cordilheira, um pouco depois de acessarmos a Panamericana alcançamos e ultrapassamos o caminhão novamente.
Conforme íamos descendo a temperatura ia subindo, já próximo do final da descida da cordilheira fomos surpreendidos com a estrada bloqueada, as máquinas já estavam operando no local, um pedaço da montanha desceu abaixo, ficamos pouco mais de uma hora aguardando a liberação desce trecho.
A estrada peruana é muito parecida com algumas estradas no interior Paraná, só que com uma região de florestas, afinal, estávamos num trecho na Floresta Amazônica. Nesse dia não conseguimos parar para almoçar, paramos então num vilarejo e comemos bolacha, barra de cereal e dividimos uma coca cola que compramos num mercadinho a beira de estrada com o pouco de dinheiro peruano que tínhamos no bolso.
Um pouco antes de Puerto Maldonado tive problemas de consumo em minha moto, faltou gasolina a 8 quilômetros da cidade, eu carregava dois galões de cinco litros comigo, pedi ao Alexandre para que fosse buscar e então chegamos em Puerto Maldonado por volta das 17:30 horas. Ainda faltavam 190 km até chegar até Assis Brasil, como estávamos em horário de verão, decidimos seguir viagem para chegar no Brasil naquele mesmo dia.
A estrada não estava muito boa e por conta disso a viagem não rendeu como gostaríamos, a noite chegou e com ela o cansaço, eu seguia a frente e percebi pelo retrovisor que a luz da moto de Oziel ficava distante a cada instante, parei a moto um pouco e aguardei, de repente Oziel da a volta e começa a ir no sentido contrario, de imediato senti a falta de Alexandre e então fiz a volta e fui junto de Oziel. Andamos um pouco e vimos uma lanterna que parecia vaga-lume voando de um lado para o outro. Alexandre tinha se perdido e saído da estrada, por sorte não havia acontecido nada com ele e nem com a moto.
Bom, seguimos nossa viagem e pouco depois já estávamos na aduana peruana, estava fechada mas o agente permitiu a nossa passagem, nos orientou a retornar na manhã seguinte para dar baixa em nosso passaporte, Assis Brasil fica a menos de 5 km dali e chegamos por volta das 20 horas. Nossa maior preocupação nessa região era com o excesso de mosquitos, a pousada era bem protegida com telas nas janelas e nas portas, mas ainda assim havia o medo da febre amarela.
No dia seguinte retornamos para a aduana peruana afim de darmos baixa em nosso passaporte, e assim acabou nossa aventura no Peru.
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