quinta-feira, 3 de novembro de 2016

* A prática do corredor

          Quando o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) foi aprovado pelo Congresso Nacional, havia nele o artigo 56, que proibia expressamente as motocicletas de circularem nos corredores, mas esse artigo foi vetado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso.

A justificativa para o veto foi a seguinte:

"Ao proibir o condutor de motocicletas e motonetas a passagem entre veículos de filas adjacentes, o dispositivo restringe sobre maneira a utilização desse tipo de veículo que, em todo o mundo, é largamente utilizado como forma de garantir maior agilidade de deslocamento. Ademais, a segurança dos motoristas está, em maior escala, relacionada aos quesitos de velocidade, de prudência e de utilização dos equipamentos de segurança obrigatórios, os quais encontram no Código limitações e padrões rígidos para todos os tipos de veículos motorizados."

          Portanto, de acordo com a legislação brasileira, é permitido circular nos corredores.

          Esse é um hábito não só em grandes cidades do Brasil, mas também em lugares da Europa e da Ásia, muito embora considerado perigoso o corredor é uma necessidade das grandes cidades e o fim dessa prática tiraria a essência da moto, que é proporcionar mais mobilidade do que veículos maiores.

          Andar pelos corredores da Radial Leste na capital paulista é uma das experiências mais loucas para um motociclista, ali o item de segurança número um é a buzina, os motociclistas passam pelos carros numa velocidade razoavelmente alta. A Radial Leste é uma via rápida e larga, permitindo que os motociclistas realizem o corredor, no entanto, nem todas as cidades possuem vias como esta.  

          Um estudo realizado nos Estados Unidos pelo  Safe Transportation Research and Education Center (SafeTREC) da Universidade Berkeley constatou que o corredor é relativamente seguro se for utilizado com o tráfego em movimento em 50 mph (80 km/h) ou menos, e se motociclistas não excederem a velocidade dos outros veículos por mais de 15 mph (24 km/h).

          Na verdade, embora a pratica seja permitida e ainda existam estudos favoráveis à utilização de corredores, realizar corredores não é uma pratica aceitável para aqueles que se preocupam com uma pilotagem defensiva.

          "Corredores é uma área de escape, e não uma via de trânsito rápido. Existe uma diferença entre "corredores" e "ultrapassagens". Corredores são espaços ( até mesmo para carros oficiais) quando o trânsito está totalmente parado! Se os carros, ou outros veículos, estão em movimento, então os corredores desaparecem e se tornam ultrapassagens. O perigo maior está nas ultrapassagens, e não nos corredores, pois o mesmo espaço do motociclista é, também, do motorista que passa de uma faixa para outra. Este espaço aparece nas ultrapassagens O motociclista precisa de muita atenção, previsibilidade e decisão ao trafegar nestes espaços. Não quero dizer que os corredores não são perigosos. O perigo está na falta de atenção e previsibilidade do piloto e que acha que são pistas de alta velocidade. Precisamos entender que moto não foi feita para pessoas com pressa, pois de qualquer forma, no uso urbano, a moto sempre chega primeiro, mesmo sem pressa."(Instrutor Amaral)

          "O problema do corredor é que o motociclista ocupa um espaço onde já não tem mais tempo
de manobra. A maior gravidade vem pela diferença de velocidade em relação aos outros veículos", diz Eduardo Biavati, consultor de segurança no trânsito e um dos autores do estudo. Ele foi assessor técnico da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de São Paulo entre 2005 e 2009, integrando o grupo de segurança de motociclistas.

          "As pessoas querem passar no corredor acima de 100 km/h, isso é um passaporte para a morte. Corredor não é pista. O justo seria andar a uma velocidade razoável. Quando o trânsito está parado, o motociclista já pode passar", opina Fernando Diniz, presidente da ONG Trânsito Amigo.

          O consultor Biavati acredita que seja difícil comparar a situação nos Estados Unidos com a do Brasil. “Estamos falando de um padrão diferente. Nos EUA, há vias em outra situação e motos de maior porte. Aqui as motocicletas são menores, mais frágeis. Além disso, existe um abuso excessivo da velocidade”, argumenta.

O que diz o Denatran




Fonte: UC Berkely/G1


4 comentários:

  1. O artigo apresenta erro. Embora a Lei 9.503 (Código de Trânsito Brasileiro - CTB) não proíba especificamente a circulação de motocicletas no corredor, quem o faz infringe o Artigo 199 ao realizar ultrapassagens pela direita. Além dessa questão, que é objetiva e não admite contestação alguma, existem outros fatores que devem ser sempre considerados: o abuso de velocidade por parte dos motociclistas e os erros grotescos dos motoristas que trocam de faixa sem sinalização e/ou atenção.

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    1. Desculpe, mas seu argumento de ser proibido ultrapassar pela direita. Cada caso é um caso, como exemplo foi citado a Radial Leste, uma via que em muitos pontos existem 5 faixas, sendo permitido sim a ultrapassagem pela direita. Todavia, concordo em partes contido sobre erro na matéria, deixei de colocar o que diz o Denatran em relação ao assunto, estou reeditando a matéria.

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  2. Um acessório de segurança muito útil para ver Motociclista no ponto cego:
    https://youtu.be/R4wqVEhiKNM

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