quarta-feira, 23 de novembro de 2016

* A paixão pelas trilhas

          Há um tempo atrás fomos em um grupo de amigos encarar a Estrada da Limeira, eu e meu filho fomos de carro para levar a moto do nosso amigo Elieser, um amante de trilhas, sua moto estava toda desconfigurada, quer dizer, preparada para enfrentar os terrenos acidentados da Serra do Mar.

          Em nossa companhia seguiram mais dois amigos com suas big trails, esses por sua vez andaram com um pouco mais de cuidado devido o peso de suas motos.

          É difícil descrever o que vi, Elieser, um homem de pouco mais de 50 anos parecia um moleque, acelerava a sua moto espirrando pedras para todo lado, dançava de um lado para o outro desviando de pedras maiores, saia da estrada principal em busca de pequenos trechos e fazia tudo isso com um maestria e domínio de sua moto.


           Nosso amigo Agostinho Megel, da Megel Lataria e Pintura Automotiva, é outro que gosta de pegar sua moto trail e sair com seus amigos pelas trilhas existentes na região de Curitiba. Para eles, lama e dificuldades são temperos certos para colocar um sorriso no rosto. 

          Mas o que é ser um trilheiro?

          Ser trilheiro vai além da competição, é ser parceiro, é não pensar somente em competição, é ser solidário, é saber cultivar o bom humor e companheirismo, o chamado espírito de equipe; fazer novos amigos, aprender a superar os seus limites, é ter a coragem de conhecer lugares onde poucos foram, caminhos alternativos, de acesso difícil ou até mesmo impossível para muitas motos.




          Como ser um bom trilheiro?

O BOM TRILHEIRO

1º - Respeita a natureza;
2º - Não trafega em mananciais e área preservadas.
3º - Evita trilhas degradadas.
4º - Não abre novas trilhas.
5º - Informa as autoridades qualquer atividade suspeita nas trilhas, como:
  •  Desmatamento;
  •  Aprisionamento de animais silvestres,
  •  Queimadas, ETC.
6º - Não acende fogo e nem joga tocos de cigarros nas trilhas.
7º - Não deixa lixo nas trilhas.
8º - Respeita as propriedades alheias, evitando a sua entrada.
9º - Respeita e proprietário e os empregados da propriedades, atendendo sempre aos seus pedidos.
10º - Respeita as leis de trânsito.
11º - Diminui a velocidade ao avistar pedestres, ciclistas e animais.
12º - Não corta a cerca e não arromba cadeado.
13º - Respeita os moradores, condôminos, colonos, fazendeiros, pois deles depende seu lazer.
14º - Fecha as porteiras e tronqueiras para não fechar as trilhas.
15º - Mostra seu potencial de pilotagem somente nas trilhas.
16º - Não faz trilha sozinho.
17º - Sabe que moto e álcool não combinam.
18º - Entende que a solidariedade é a alma do esporte.
19º - Ajuda sempre um trilheiro em dificuldades.
20º - Aanda sempre equipado e leva ferramentas básicas.
21º - Respeita seu limite de pilotagem.
22º - Leva sempre água, barras energéticas, etc...
23º - Anda sempre com seus documentos e de sua moto.


Abaixo fomos buscar uma definição bacana publicada lá em 2009.


Uns acham que somos um bando de loucos desvairados correndo sem destino, subindo e descendo simplesmente pelo desejo de correr ou de se cobrir de lama. Outros acreditam tratarem-se simplesmente de aventureiros ou desocupados sem ter mesmo o que fazer.

São muitos os motivos a descrever nessa imaginação popular e por isso mesmo frequentemente somos abordados sobre essa temática FAZER TRILHAS.

Difícil mesmo é descrever algo que você sente a alguém que não conhece as sensações.

Na tentativa de elucidar as questões por vezes resumimos dizendo que a adrenalina é forte, que é prazeroso, que distrai e por ai vai…

Muitas são as razoes a enumerar nessa busca desvairada em conceituar o esporte. Estou certo que não esgotarei o tema, este texto será apenas uma pequena contribuição.

Uma das coisas logo observada, de cara mesmo, é a solidariedade: impossível fazer trilhas sozinho. Frequentemente estamos precisando um dos outros, seja um empurrãozinho aqui ou ali… Uma moto a ser rebocada ou consertada, uma barra de cereal a ser dividida, coisas assim…

Inimaginável mesmo é visualizar onde essas “magrelas” são capazes de chegar. São montanhas e vales que nos permitem um contato direto com a natureza puríssima, desfrutando do seu aroma perfumado e hiper diversificado, um presente no olhar, na contemplação do belo nos mais altos penhascos, nas matas e sem falar na invejável sensação do cachorro na janela do carro, com aquele vento na cara… Demais.


Outro aspecto interessante são os desafios nos percursos. Difícil acreditar que se possa vencê-los, transpassa-los. Contudo, nas tentativas incessantes, superando os impactos negativos, os medos, e lançando impetuosamente sob os obstáculos finalmente os vencemos de forma impressionante.

Percebemos com essa façanha que a vida é assim, similar as trilhas, e que assim como nas trilhas, o dia a dia é recheado de desafios e neste contexto o esporte nos encoraja e impulsiona a lutar e nunca desistir das metas e projetos propostos na caminhada da existência, pois, apesar de parecerem difíceis, a experiência nos mostra que o segredo é sempre acreditar, acreditar e acreditar.

Alguém já disse que esse esporte deveria ter o nome de “No Limite”, haja visto que por vezes esgotamos todas energias possíveis.

Difícil acreditar que estando no lombo de uma moto alguém iria se esgotar dessa maneira. A verdade é que depois de 8 h de trilhas, passando por vários obstáculos, a magrela começa a agigantar-se. É ai que surge um diferencial: quando o HOMEM completo começa a ressurgir.

Nesse momento há um alinhamento, uma convergência de objetivos e o ser tricótomo (composto de Corpo Alma e Espírito) começa a expressar de forma magnífica, onde o corpo sem energia busca força no seu Eu interior que o impulsiona a seguir avante culminando no sonhado objetivo final.

Penso que, quando chegamos nesse nível há uma purificação da mente (alma) onde o corpo “zerado” sem forcas pra nada, cede espaço para o homem interior (o Espírito) tornando assim um ser humano melhor, menos prepotente e mais equilibrado.

Enfim, fazer trilhas é um exercício para a vida, é harmonia com o ambiente é se sentir a própria natureza em perfeita simbiose.

Que possamos desfrutar cada vez mais desse enorme privilegio de forma consciente não perdendo nenhum detalhe nessas jornadas.

Por: Amigos Trilheiros












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