quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

* Atacama - Homenagem aos mortos

          O que tem a ver com motociclismo a história que irei contar? Tudo, o motociclismo abriu uma porta na minha vida a qual eu não esperava. Gostar de motos não significa apenas ser um profundo apaixonado pela motoca, ser conhecedor de detalhes de marcas, modelos, dinâmica, velocidade, cilindradas e por aí adiante, lógico que ter conhecimentos é sempre importante, mas não é tudo. A pergunta que faço aos amantes do motociclismo é: O que o motociclismo te proporciona?

          Para os viajantes, que é o meu caso, o motociclismo proporciona diversas coisas, além de conhecer lugares e paisagens fantásticas, o motociclismo traz a possibilidades de conhecer pessoas e culturas diferentes e isso é muito bacana.

          No que se refere à cultura, algo me chamou a atenção na viagem ao Chile em 2013 e agora no fim de 2016, gostaria de compartilhar isso com o leitor do blog, são as diversas sepulturas espalhadas pelas rotas chilenas. Na viagem realizada em 2013 tive problemas com a gasolina entre Chanaral e Antofagasta, sai da rota e fui parar na cidade de Tal Tal, ali indaguei com frentistas do posto de gasolina sobre as sepulturas existentes à beira da estrada, segundo eles, naquela região era comum os povos indígenas e outros moradores que vivem próximos à ruta enterrar seus entes às margens da ruta, evitando os cemitérios comuns.

          Já na viagem realizada no fim de 2016, no trecho entre Antofagasta e Calama fui informado por funcionários que trabalham na manutenção das rotas, que as sepulturas são apenas uma homenagem feita por parentes e amigos, que na verdade os corpos não estariam enterrados ali..

          Talvez vocês estejam peguntando: E daí? Aqui no Brasil também é comum encontrarmos cruzes e túmulos em muitas estradas. Bom, o que diferencia o costume chileno do brasileiro são justamente os detalhes, as sepulturas são decoradas contando a vida do falecido, o que ele fazia, o que gostava, para que time torcia, etc e tal.


        Duas sepulturas me chamaram a atenção: A primeira foi a de um Operador de Grua falecido no ano de 2005, pois bem, eu passei em 2013 e em 2016, tirando a poeira da estrada, nada havia mudado, tudo estava lá, se fosse o Brasil provavelmente aquela máquina de grua já não estaria por lá.

          A outra me comoveu um pouco, o pai construiu a sepultura e ali contou a história de seu filho, em seu relato se condena pela morte em acidente automobilístico do filho. A irmã e a mãe também escreveram seus relatos naquilo que teria sobrado do veículo, não sei afirmar se este foi o carro envolvido no acidente.

          É isso, em sua visita ao Chile você encontrará diversas sepulturas espalhadas pela rota.




Foto 2016
Foto 2013

















6 comentários:

  1. Interessante,quano viajei pelo chile não vi nenhuma ou reparei,mas chamam muita atenaçao.Na argentina a gente ve muito,sao panos coloridos meio avacalhado.Com todo respeito mas nos chamávamos maloquinha,uma inclusive serviu de descanço e sombra em um calor infernal.

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    1. As sepulturas são mais comuns ao norte do Chile, já na Argentina a homenagem são para dois personagens, o santo pagão Gauchito e para a Difunta Correa. Em nosso blog existe matéria sobre esses dois personagens argentinos,

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  2. São chamadas "anemitas". Muito respeitadas pelos chilenos em geral. Já vi percursos de pequenas estradas serem refeitos para preservá-las.Uma das mais impressionantes esta na descida de Santiago para Viña del Mar. Uma pequena cidade em homenagem as vítimas de um acidente de ônibus, segundo me contaram.

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  3. Estamos voltando de uma viagem de carro a Antofagasta e vimos todos estes memoriais.Conversamos com algumas pessoas que disseram que são somente homenagens e que as pessoas não estariam enterradas lá, mesmo assim é um pouco "pesado" andar por aquelas estradas com todos aqueles memoriais.

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    1. Em muitos casos sim, é somente uma homenagem, caso do operador de grua e do menino que o pai deixou um carro com mensagens - ali seria apenas o local do acidente, assim como os brasileiros colocam pequenas cruzes, para simbolizar o local do acidente - mas em alguns casos - como na entrada da cidade de Tal Tal, alguns à beira da rodovia são túmulos de "indigenas" locais ou de pessoas pobres.

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